A morte da jovem que foi atropelada e acabou presa na capota de um automóvel provoca especulações em Giruá, no Noroeste gaúcho. Enquanto a Polícia Civil apura os fatos, notícias falsas sobre as circunstâncias que envolvem a tragédia circulam entre os pouco mais de 16 mil habitantes do município. Nesta quinta-feira, a casa noturna onde a moça trabalhava divulgou nota sobre a situação.
Natural da Argentina, a vítima foi identificada como Viviana Villalba, que completaria 22 anos no último domingo, quando morreu. O corpo dela estava no Posto Médico-Legal (PML) de São Luiz Gonzaga desde então, sendo liberado por volta das 8h45min dessa quarta-feira.
O traslado ao país vizinho foi realizado no mesmo dia, por meio de balsa, às 15h30min. A istração municipal de Giruá custeou as despesas do trâmite até território argentino, onde a responsabilidade do processo ficou por conta das autoridades locais.
Após o velório, na igreja evangélica Don Ector Molinua, Viviana foi sepultada na localidade de Pueblo Illia, no município de Dos de Mayo, na província de Misiones, onde nasceu. Ela deixa uma filha de apenas quatro anos.
Viviana trabalhava e morava há duas semanas em uma boate no entorno da rodovia em que foi atropelada. No entanto, segundo a proprietária, ela já frequentava o local de forma esporádica antes disso.
“Conhecíamos a Viviana há dois anos. Ela costumava vir para Giruá, onde permanecia por uns dias, e depois retornava para a Argentina. Era uma pessoa muito extrovertida, educada e querida por todos. Ela morreu no dia do próprio aniversário, planejávamos fazer um churrasco para comemorar. Ainda estamos em choque com o que aconteceu”, diz Keterlin Almiron.
A dona da casa noturna relata ter virado alvo de mentiras e ataques após o ocorrido. Os boatos incluem cárcere privado da vítima, maus-tratos e até mesmo um tiroteio. Nada disso consta no inquérito da Polícia Civil.
Keterlin Almiron afirma que, na data dos fatos, o estabelecimento fechou as portas por volta da 1h30min. Horas depois, Viviana teria saído a pé, sem comunicar as outras. A jovem vestia apenas um moletom.
“Não vi o momento em que a Viviana saiu. Se tivesse visto, teria tentado impedir. Era minha amiga, sempre a protegi. Estou arrasada, entretanto, ela era maior de idade e tinha livre arbítrio para fazer o que quisesse. Ninguém poderia tê-la deixado sem chave, trancada dentro do local. Isso sim configuraria sequestro”, lamenta.
Após o atropelamento, a patroa cruzou a fronteira para buscar a mãe e o padrasto de Viviana. Ela também hospedou a dupla em Giruá, enquanto aguardavam a liberação do corpo. O pedido dela é que o motorista responda criminalmente.
“Além de não ter parado o carro para prestar socorro, o condutor segue sem demonstrar empatia. Em nenhum momento ele prestou solidariedade aos parentes da Viviana. Isso é o que mais dói. Ela era um ser humano, não merecia ter morrido assim. Rogo às autoridades para que não deixem o motorista impune”, diz Keterlin Almiron.
Leia a nota do estabelecimento onde a vítima trabalhava
É com profundo pesar que a Boate Êxtase se manifesta publicamente acerca do trágico falecimento de Viviana Beatriz Villalba, ocorrido na madrugada do dia 08 de junho de 2025. Expressamos, primeiramente, nossos mais sinceros sentimentos à família e amigos neste momento de dor e consternação. Lamentamos profundamente a perda precoce de Viviana, profissional que fazia parte de nossa equipe.
Em respeito à verdade dos fatos e em razão das informações veiculadas nas redes sociais, vimos por meio desta esclarecer: Na noite de 07 de junho para 08 de junho, a casa encerrou oficialmente suas atividades por volta da 1h30. Viviana deixou as dependências da boate aproximadamente às 3h42, conforme registro de câmeras de monitoramento, quando o estabelecimento já se encontrava fechado.
Ela trajava um moletom, aparentemente utilizado como vestido, meias nos pés e carregava consigo um aparelho de som portátil, um telefone celular e um carregador. A imagem do sistema de monitoramento interno foi prontamente disponibilizada às autoridades competentes, colaborando integralmente com as investigações. Minutos após sua saída, segundo informações readas pela Polícia, Viviana foi vítima de um atropelamento na ERS-344.
O laudo pericial, emitido pelos órgãos responsáveis, confirmou que a causa da morte foi POLITRAUMATISMO decorrente do atropelamento, sem indícios de disparos de arma de fogo ou qualquer tipo de violência sexual, conforme chegou a ser especulado de forma irresponsável em redes sociais.
Também foi apurada e descartada a informação de que o condutor do veículo envolvido no atropelamento teria permanecido na boate na mesma noite ou possuía qualquer vínculo com a vítima. Reiteramos que não houve qualquer briga, tumulto ou ocorrência de tiroteio no interior da casa naquela ocasião.
O corpo de Viviana foi liberado e encaminhado à sua cidade natal, onde sua mãe providenciou os trâmites para o velório e sepultamento. Durante todo o período, a família esteve acolhida na residência da proprietária da casa, e recebeu, da nossa parte, todo o apoio possível.
Destacamos também que a Prefeitura Municipal de Giruá prestou e logístico para o traslado até o porto. Até o momento, segundo informações compartilhadas pela própria família, não houve qualquer
contato ou manifestação de apoio por parte do condutor do veículo envolvido no atropelamento.
Lamentamos profundamente a perda de Viviana e nos solidarizamos com sua família e amigos. Pedimos, com respeito, que cessem as especulações infundadas, dando espaço para que a dor e o luto sejam vividos com dignidade e respeito à memória da vítima.
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Fonte: Correio do Povo